Pela janela eu via a chuva cair suavemente e sem pressa, na escrivaninha muitos trabalho a serem feitos, me pego perdida em meio as memórias de todos os dias ensolarados que ficaram esquecidos nos álbuns de fotos, pego uma folha do meu caderno de anotações e reflito sobre tudo o que eu vivi e chego a seguinte conclusão:
Hoje percebo que todas as coisas que me pareciam bobagem me fazem muita falta, sinto falta dos pequenos detalhes, de todas as rotinas, de todos os risos sem motivo, de todos os abraços, de todas as brincadeiras, de todas as discussões bobas, de todas as conversas de 15 minutos, de acordar 4 horas da manhã para estudar para a prova, de inventar desculpas por não ter feito a lição de casa, de cortar a fila para comprar lanche, de ficar louca esperando o relógio soar 12:20, de ficar com raiva dos professores por causa daquela prova ferrada, de contar os dias para as férias e depois contar os dias para voltar para a escola, de escolher cuidadosamente cadernos e todo o resto do material escolar, de todas as tardes "estudando" em grupo, de todas as colas, de todas as piadas, de todas as guerrinhas de bolas de papel, de todas as sonecas durante as aulas de História, de todos os segredos, de todos os brigadeiros caseiros, de todas as zoeiras no shopping e de quando a minha maior preocupação era o seminário para a terça-feira.
Sinto falta de todas as noites em que eu durmia e sabia o que e quem iria encontrar pela manhã.
Sinto falta de quando tudo era mais simples.
Sinto falta daquele tempo que eu pensei que jamais acabaria.
Sinto falta de tudo aquilo que eu não posso mais ter.
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